Espanhóis poderão ficar sem a “siesta”

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Praça Puerta del Sol, no centro de Madrid. Foto: Wikimedia Commons

 

Há mais de 70 anos que os espanhóis vivem com um horário desfasado da luz solar. O Governo está agora a estudar atrasar os relógios uma hora para se adaptar ao fuso que lhe corresponde: o mesmo aplicado em Portugal

 

Acordam cedo, fazem longos almoços e acabam por arrastar o dia laboral até tarde, o que atrasa o horário do jantar e de dormir. As consequências são cargas de trabalho intensas, baixa produtividade e pouco tempo para o descanso e para a vida familiar. O motivo: a aplicação em Espanha de um fuso horário desajustado em relação à posição geográfica que o país ocupa.

Estas foram, pelo menos, algumas das conclusões presentes no relatório aprovado esta semana no Congresso de Deputados espanhol, que pretende que Espanha volte a adotar o fuso horário que lhe deveria corresponder de acordo com o meridiano de Greenwich. A concretizar-se, o país vizinho voltaria, 70 anos depois, a utilizar a mesma hora que Portugal e Reino Unido.

Embora os relógios dos espanhóis estejam adiantados em relação à luz solar (uma vez que quando o sol está no ponto mais alto já passa das 13h da tarde), na prática, a hora das refeições está em linha com os hábitos europeus.

Mas, uma vez que o fuso utilizado não é o mais adequado, o almoço realiza-se por volta das 14h e o jantar depois das 21h.

No entanto, em Espanha o dia de trabalho começa cedo, geralmente às 9h da manhã, o que prolonga demasiado a manhã. A isso segue-se um dilatado almoço, por vezes seguido de uma sesta, o que acaba por empurrar o horário de saída do trabalho para mais tarde. Ao fim e ao cabo, o tempo de sono nocturno acaba por ser reduzido.

Por isso, o Executivo espanhol estuda agora atrasar os relógios e introduzir, também uma série de medidas que pretendem colmatar os “problemas de competitividade e de qualidade de vida” daí derivados, como assinalou o porta-voz do PP, Alfonso Alonso.

Para além de fórmulas para acabar com os “tempos mortos”, com mudanças que afetariam os horários de escolas, estabelecimentos comerciais e até o prime-time das televisões, o relatório sugere a adoção de outras medidas que visam favorecer a vida laboral com a familiar, como a adaptação das baixas de maternidade e paternidade.

 

Em: Jornal de Notícias