Vicky Foxcroft está em campanha eleitoral desde as 7h da manhã. Já participou num evento de uma escola primária local, já se reuniu com os organizadores de campanha para delinear estratégias e agora está novamente na rua para falar diretamente com os eleitores. Assim têm sido as últimas quatro semanas da candidata a deputada pelo Partido Trabalhista na circunscrição de Lewisham Deptford, na zona sudeste de Londres. Depois de ser vereadora na Câmara local durante cinco anos, Vicky espera agora dar o salto à política nacional.

Apesar de ser um lugar muito seguro para os trabalhistas, onde o partido costuma somar mais de 50% dos votos, a equipa de Vicky não baixa os braços. Acompanhada por quatro voluntários, a candidata vai batendo à porta de casa dos eleitores, onde vai deixa informação partidária e se disponibiliza a responder a qualquer questão que lhe queiram colocar. “Se precisar de algo pode telefonar-me ou enviar um e-mail”, diz enquanto entrega um cartão com os seus dados pessoais. Quando encontra um simpatizante, dá-lhe um cartaz de apoio ao Labour, que pede para colocar na janela.
Por vezes também é abordada na rua pelos próprios cidadãos. Um deles é um jovem professor de uma escola local, que admite não ter ainda decidido em quem vai votar na próxima quinta-feira. Queixa-se de que Trabalhistas e Conservadores são demasiado parecidos, mas Vicky já tem a resposta preparada: “Nunca fomos tão diferentes! Eles querem privatizar o NHS (o serviço nacional de saúde), e nós queremos defendê-lo, eles querem baixar os impostos aos ricos e nós queremos subi-los”.
Quando a candidata está ocupada, os voluntários também tratam de fazer passar a mensagem do partido: “somos os únicos que defendemos a classe trabalhadora”, argumenta o jovem Julian perante uma mulher que lhe dizia não ter intenção de votar.
No Reino Unido não há uma eleição, mas 650. Ou seja, o número total de deputados presentes no parlamento britânico. Aqui o sistema é uninominal: ou seja, só é eleito o candidato mais votado em cada circunscrição eleitoral. O partido que conseguir o maior número de deputados é convidado a formar governo. Por isso, o contacto direto com os eleitores é fundamental: cada candidato sabe que precisa de ter uma presença local forte. O resto da campanha faz-se na televisão e nos meios de comunicação, onde são os líderes quem dá a cara. Com as sondagens a apontarem para um empate técnico, os últimos dias de campanha poderão ser decisivos para definir o vencedor do próximo dia 7 de maio.
Publicado em Jornal de Notícias
